Compliance e governança em serviços de facilities: um olhar sobre a gestão de contratos e empresas no Brasil

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A expansão dos serviços de facilities no Brasil — que englobam limpeza, manutenção, segurança, logística e apoio administrativo — trouxe consigo um desafio cada vez mais evidente: a necessidade de compliance e governança sólidos para garantir a execução correta de contratos e a sustentabilidade das operações. Em um mercado que movimenta mais de R$ 100 bilhões ao ano, segundo a Associação Brasileira de Facilities (ABRAFAC), a profissionalização da gestão contratual deixou de ser diferencial e tornou-se exigência.

O setor responde por milhares de postos de trabalho, sendo estratégico não apenas para grandes corporações, mas também para pequenas e médias empresas que dependem de serviços terceirizados para manter suas atividades. Com contratos complexos, que envolvem cláusulas trabalhistas, regulatórias e financeiras, a ausência de compliance pode gerar riscos significativos: passivos trabalhistas, falhas de execução e impactos diretos na reputação das empresas contratantes.

Para o consultor e empresário Luis Antonio Tomazi, o grande desafio está em alinhar eficiência operacional e conformidade jurídica. “Um contrato mal gerido não compromete apenas a operação, mas pode gerar prejuízos de longo prazo. O compliance garante previsibilidade, segurança e qualidade. Sem isso, a terceirização deixa de ser solução e se torna problema”, afirma.

A relevância do tema é reforçada por números: segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 81% das empresas brasileiras relatam dificuldades para lidar com exigências legais e regulatórias em seus contratos. Nos serviços de facilities, que lidam com mão de obra intensiva, a preocupação se amplia. Questões como jornada de trabalho, segurança ocupacional, qualificação profissional e cumprimento de normas ambientais e sanitárias precisam estar previstas e monitoradas.

Na prática, isso significa que empresas contratantes devem buscar parceiros com histórico sólido de conformidade, mas também implementar mecanismos de governança que acompanhem de perto a execução. Para Tomazi, que já assessorou companhias nos segmentos de petróleo, papel, têxtil, usinagem e serviços, a solução passa por três pilares: due diligence na escolha de fornecedores, monitoramento constante da execução contratual e investimento em treinamento. “A governança só funciona quando a cultura da empresa valoriza transparência e responsabilidade. É um trabalho contínuo, não pontual”, explica.

O fortalecimento das práticas de compliance em facilities também acompanha um movimento global. Segundo a Deloitte, mais de 60% das empresas multinacionais já implementaram estruturas de governança específicas para contratos terceirizados, reconhecendo que a complexidade regulatória exige acompanhamento técnico e jurídico especializado. No Brasil, embora esse movimento ainda seja incipiente em pequenas e médias empresas, cresce a consciência de que investir em compliance é menos custoso do que lidar com os riscos da informalidade.

Ao traduzir para a realidade brasileira conceitos de governança praticados em diferentes setores, Tomazi destaca que a consultoria tem papel essencial na adaptação de boas práticas. “As empresas precisam entender que compliance não é burocracia, é proteção. Ele preserva a relação com clientes, colaboradores e fornecedores, e cria condições para que a terceirização cumpra seu papel estratégico de gerar eficiência”, conclui.

O avanço do setor de facilities no Brasil dependerá, em grande medida, da capacidade de alinhar expansão e conformidade. Nesse processo, a consultoria especializada e a experiência de profissionais que conhecem a realidade de múltiplas indústrias se tornam diferenciais para que empresas reduzam riscos, cumpram a legislação e mantenham a confiança do mercado.

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