Como a América Latina se torna referência em suporte tecnológico:

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O mercado global de serviços de suporte tecnológico vive um dos períodos mais dinâmicos da história recente

Impulsionado pela digitalização acelerada, pela automação e pela necessidade de respostas rápidas, o setor movimenta trilhões de dólares por ano e está em plena reconfiguração geográfica. Enquanto América do Norte e Ásia mantêm a liderança tradicional, a América Latina vem conquistando espaço e reconhecimento como um novo polo de eficiência, inovação e qualificação técnica.

De acordo com levantamentos internacionais, o mercado latino-americano de serviços de TI — que engloba suporte técnico e outsourcing — faturou aproximadamente US$ 66 bilhões em 2023, com projeção de crescimento anual composto de 7,6% até 2030, quando deve ultrapassar US$ 110 bilhões. Na América do Sul, as estimativas são ainda mais otimistas: o volume pode atingir US$ 120 bilhões em 2030, partindo de pouco mais de US$ 80 bilhões em 2025. Já o segmento de serviços profissionais de TI — que inclui outsourcing, manutenção e suporte especializado — registrou US$ 62 bilhões em 2024 e deve alcançar US$ 112 bilhões até 2030, mantendo média de crescimento superior a 10% ao ano.

Esses números refletem uma mudança estrutural. A região vem combinando infraestrutura mais robusta, capacitação técnica e custos operacionais competitivos para atrair investimentos e contratos internacionais. O Brasil, com sua base de profissionais qualificados e capacidade de adaptação, ocupa papel central nesse processo.

Para o analista de suporte Danilo Silva Leal, que atua há mais de 15 anos no setor e participou da reestruturação de um dos principais departamentos de suporte técnico da América do Sul, a pandemia foi o ponto de virada. “A crise mostrou que o suporte não é um custo, mas um diferencial competitivo. Quando as operações precisaram migrar para o digital, fomos nós que garantimos a continuidade, a segurança e a satisfação do cliente. Essa percepção mudou o valor estratégico do suporte dentro das corporações”, avalia.

O modelo de internalização de processos adotado em diversos países da região também contribuiu para consolidar a América Latina como referência em qualidade e inovação. No caso do Brasil, práticas como a criação de centros locais de atendimento, a tradução e adaptação de documentação técnica, as homologações junto a órgãos reguladores e os programas de treinamento bilíngue voltados para países vizinhos transformaram a operação regional em um verdadeiro hub de conhecimento.

Outro fator decisivo é a proximidade cultural e linguística, que facilita a comunicação com mercados internacionais, além da flexibilidade das equipes latino-americanas diante de mudanças tecnológicas rápidas. Em um ambiente global marcado por custos elevados e rigidez operacional em mercados desenvolvidos, empresas multinacionais têm encontrado na região uma alternativa ágil e eficiente para estruturar suas operações de suporte.

Para Danilo, essa virada é o reflexo direto do amadurecimento técnico e profissional da região. “Hoje, a América Latina não é apenas consumidora de tecnologia, mas desenvolvedora de soluções. Aprendemos a transformar crises em oportunidades e a usar a experiência prática como vantagem competitiva. O talento local está pronto para atuar no mesmo nível das grandes potências do setor”, afirma.

Danilo Silva Leal

O avanço do suporte tecnológico na América Latina sinaliza uma transição importante: de polo de execução para centro de inovação. Com investimentos contínuos em formação, integração e infraestrutura digital, a região se posiciona como protagonista de um novo ciclo global, onde eficiência, adaptação e talento humano caminham lado a lado com a tecnologia.

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