O ambiente de negócios brasileiro vive um momento de redefinição silenciosa, mas profunda. À medida que a tecnologia descentraliza o acesso à informação e amplia as possibilidades de aprendizado, surge um novo tipo de liderança: o gestor técnico, capaz de transformar conhecimento prático em estratégia empresarial. Esse perfil está remodelando setores inteiros e criando ecossistemas de negócios que unem produtividade, propósito e inovação.
De acordo com estudos recentes sobre o empreendedorismo brasileiro, os negócios criados por profissionais técnicos representam uma fatia crescente do mercado. São empreendedores que começaram com uma habilidade específica, como manutenção, tecnologia, design ou engenharia, e evoluíram para modelos de gestão que unem produto, serviço e capacitação. Esse movimento reflete a maturidade de uma economia em que a especialização e o domínio técnico são diferenciais competitivos.

O empresário Diego Lunkes, que atua há 17 anos no setor técnico e fundou um dos principais ecossistemas de capacitação e fornecimento de equipamentos para o mercado de impressão, observa que o papel do líder mudou. Para ele, a autoridade não vem apenas do cargo, mas da competência. “O líder técnico é aquele que inspira pelo exemplo e pelo conhecimento. Ele entende os desafios da operação porque já os viveu e, por isso, consegue orientar equipes e criar soluções com base na prática”, explica.
A trajetória de Diego reflete o amadurecimento dessa nova liderança. Após enfrentar quase a falência no início da carreira, ele transformou um pequeno negócio de manutenção em um ecossistema de soluções que integra loja física, e-commerce, formação profissional e desenvolvimento de produtos. Essa expansão, segundo ele, foi possível graças à aplicação do conhecimento técnico em áreas estratégicas da empresa. “A técnica foi o alicerce, mas o que sustentou o crescimento foi o entendimento de que o conhecimento deve ser compartilhado. O líder que ensina forma um ecossistema forte”, afirma.
A pandemia acelerou essa transição, levando milhares de profissionais técnicos a digitalizarem seus negócios e adotarem novos modelos de liderança. A gestão passou a exigir sensibilidade humana, domínio tecnológico e capacidade de formar redes colaborativas. No caso de Diego, a criação de cursos e comunidades online durante esse período ampliou o alcance da empresa e revelou um mercado carente de educação técnica estruturada.
O conceito de liderança técnica também se relaciona diretamente com a sustentabilidade dos negócios. Especialistas em gestão afirmam que empresas baseadas em conhecimento tendem a resistir melhor a crises e mudanças econômicas, pois dependem menos de infraestrutura e mais da capacidade de adaptação. Esse formato valoriza a autonomia das equipes e incentiva a cultura de aprendizado contínuo.
Para Diego Lunkes, o futuro da gestão empresarial será definido por líderes que unem empatia e método. Ele acredita que a era da autoridade hierárquica deu lugar à era da influência por competência. “As empresas que crescem são aquelas que formam líderes de dentro para fora. O gestor técnico não centraliza, ele multiplica. Isso é o que mantém uma organização viva e preparada para o futuro”, conclui.
O novo modelo de liderança que emerge no Brasil mostra que a gestão do século XXI não depende apenas de visão estratégica, mas da capacidade de transformar saber técnico em inteligência de negócios. E é justamente nesse ponto que a experiência prática se torna uma das formas mais valiosas de liderança.