O Departamento Estadual de Investigações Criminais, o Deic, cumpriu, nesta quarta-feira (22), um mandado de busca e apreensão na galeria Almeida & Dale, o maior grupo do mercado de arte do país, dono de galerias nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Goiás. A operação diz respeito à busca de obras do modernista Alfredo Volpi, medalhão das artes visuais.
As telas em questão são “Fachada”, “Bandeirinhas Estruturadas com Mastros” e “Cinéticos/Mosaicos”, que juntas são avaliadas em até R$ 7 milhões, de acordo com valores de 2019. Segundo a ação aberta pelo espólio do artista, um dos sócios da galeria, Carlos Dale, seria o guardião dos quadros, mas não teria devolvido as telas ao espólio após sucessivas determinações da Justiça, o que pode resultar no crime de apropriação indébita.
Antônio Almeida, um dos sócios da galeria ao lado de Carlos Dale, diz que os quadros nunca estiveram com a galeria —a Almeida & Dale teria somente intermediado a venda das telas, que teriam sido compradas de uma outra galeria paulistana chamada Jauaperi, hoje extinta. Isto tudo aconteceu em 2006, segundo Almeida. “Não podemos devolver um quadro que não está conosco”, afirma ele.
A reportagem ligou para o escritório de advocacia que representa o espólio de Volpi, Serraoliveira Advogados, mas eles disseram que não poderiam responder a questões hoje.
A reportagem também tentou contato com Guilherme Sant’anna, por telefone e mensagem de texto, mas ainda não obteve retorno.
Os três quadros em questão fazem parte de uma série de 47 obras de Volpi que teria sido omitida do inventário do artista por uma das filhas dele, Eugênia Maria Volpi Pinto, fato que gerou uma disputa entre os herdeiros do pintor. Isto só veio entre à tona entre 2008 e 2010, portanto anos depois que a Almeida & Dale fez a intermediação da comercialização das telas.
Durante a operação na sede da galeria nos Jardins, nesta quarta, não foi encontrada nenhuma obra. Segundo a assessoria da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública de São Paulo, a SSP, responsável pelo Deic, a ação faz parte de uma investigação que tem sido conduzida pelo departamento e resultou na apreensão de um notebook.
A Almeida & Dale afirma, por meio de seus advogados e de sua assessoria de imprensa, que tem os comprovantes de compra e venda das telas datados de 2006 e que tanto a galeria quanto os compradores dos quadros agiram de boa fé.
Fonte ==> Uol