A transformação do setor de saúde vai muito além das inovações tecnológicas. Um movimento silencioso e consistente vem redefinindo o conceito de liderança entre os profissionais da área: a valorização da empatia, da escuta ativa e da integração entre ciência e comportamento humano. Cada vez mais, médicos, nutricionistas, fisiologistas e terapeutas estão abandonando modelos rígidos de gestão clínica e adotando práticas pautadas na comunicação e no propósito.
O conceito de “liderança científica” emerge dessa transição. Trata-se de um perfil de profissional que alia conhecimento técnico a habilidades emocionais e cognitivas, capaz de compreender o ser humano de forma integral. Segundo estudo recente da Harvard Business Review, líderes que aplicam princípios da neurociência e da empatia em suas equipes aumentam em até 35% os índices de engajamento e retenção. No campo da saúde, essa abordagem tem se mostrado essencial para construir relações mais duradouras com pacientes e equipes.
A nutricionista e especialista em fisiologia do exercício Amanda Hypólito Fernandes acredita que o futuro da saúde está na integração entre conhecimento e sensibilidade. “A ciência explica os mecanismos do corpo, mas é o comportamento que define as escolhas. Um bom profissional não fala apenas de nutrientes, mas entende o que leva alguém a se alimentar de determinada forma, o que está por trás das atitudes e das emoções. É nesse ponto que ciência e empatia se encontram”, afirma.
Amanda, que iniciou sua trajetória como atleta de handebol federada, traz na própria história um olhar prático sobre disciplina e autoconsciência. Hoje, com mais de dez anos de carreira e atuação junto a atletas de alta performance e equipes multidisciplinares, ela defende que a liderança moderna na saúde depende da capacidade de compreender pessoas. “A ciência precisa ser aplicada com propósito. Quando o profissional entende o paciente além dos números, ele se torna um verdadeiro agente de transformação”, explica.
A integração entre comportamento e ciência também tem impulsionado a formação de novos líderes no setor. Cada vez mais universidades e centros de formação investem em programas que unem ciências biológicas e humanas, preparando profissionais para lidar com as complexidades da vida moderna. O Conselho Federal de Nutricionistas, por exemplo, aponta um aumento de 25% nos cursos de pós-graduação que incluem temas de psicologia comportamental e inteligência emocional voltados para a nutrição.
Amanda observa essa mudança de perto em sua atuação como mentora e educadora. Ela compartilha sua experiência com estudantes e profissionais da área, promovendo discussões sobre comunicação, empatia e ética. “A formação técnica é o alicerce, mas o comportamento é o que sustenta o sucesso. A geração que está chegando quer ser ouvida, quer entender o porquê das coisas. E o papel do líder é justamente traduzir ciência em algo aplicável e humano”, comenta.
Além de influenciar a prática clínica, a nova liderança científica tem impacto direto na gestão das instituições de saúde e no relacionamento entre equipes. Estudos da McKinsey apontam que empresas do setor com lideranças empáticas registram até 20% mais produtividade e satisfação entre colaboradores. Isso se deve, em parte, à capacidade desses líderes de equilibrar razão e emoção, promovendo um ambiente mais colaborativo e menos hierárquico.
Para Amanda, o conceito de liderança científica pode ser resumido em uma única palavra: conexão. “Quando o conhecimento se conecta com o propósito, nasce a verdadeira liderança. É o profissional que inspira, que educa e que transforma a experiência de quem está à sua volta. Essa é a saúde do futuro”, conclui.
O movimento que une ciência e comportamento inaugura uma nova era no setor da saúde, uma era em que liderar significa compreender, educar e inspirar. O profissional do futuro será, antes de tudo, um comunicador do conhecimento humano.