Gramado tem novo filme de Miguel Falabella em competição – 19/08/2025 – Ilustrada

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Gramado tem novo filme de Miguel Falabella em competição - 19/08/2025 - Ilustrada

“Tenho orgulho enorme de fazer filme para o grande público. Enorme, muito mesmo. Eu saí da sala de cinema e vi uma senhora. ‘Meu senhor’, ela falou, ‘eu adorei seu filme, me identifiquei demais’. É a coisa que mais me deixa feliz”, afirmou Miguel Falabella.

Ele defendia seu “Querido Mundo”, que estreou na noite de segunda no 53º Festival de Cinema de Gramado, e é um dos seis longas de ficção concorrentes à premiação no próximo sábado. O verbo defender vem a calhar porque Falabella, equipe e elenco foram informados, na entrevista coletiva, na manhã desta terça, que parte dos críticos e jornalistas presentes à estreia execrou a obra.

É que “Querido Mundo” não é um filme de arte, não se posiciona politicamente e tampouco traz uma aura de independente. Parece às vezes escolher caminhos óbvios para cinéfilos exigentes. Talvez seja um corpo estranho em um festival de cinema.

É uma adaptação de uma peça de teatro dos anos 1990, escrita por Falabella e Maria Carmen Barbosa, uma fábula em preto e branco com personagens sofridos, interpretados por Eduardo Moscovis e Malu Galli. A sinopse resume assim: “‘Querido Mundo’ é um filme sobre amor, esperança e possibilidades”.

Eles acabam por se encontrar nos escombros de um prédio abandonado, no Rio de Janeiro, às vésperas do Ano Novo. Quando se conhecem, encontram o amor. Com o amor, entrará em suas vidas um pouco de cor. Seus ex-parceiros, papeis dos globais Danielle Winits e Marcello Novaes, são os clichês cuspidos de madame metida e marido tóxico.

“Não sou popularesco, a não ser em alguns trabalhos na televisão. Mas sim popular”, continuou Falabella. “Eu acho que eu jamais poderei fugir do que eu sou, e eu sou, antes de tudo, um homem de teatro. O teatro me formou, o teatro me mantém, e é no teatro que continuo a me exercitar.”

“Querido Mundo” é codirigido por Hsu Chien, um premiado diretor de curtas-metragens e assistente de direção em dezenas de longas.

Antes da estreia, Falabella, Galli, Winits e Moscovis eternizaram suas mãos no cimento para a calçada da fama de Gramado. Marcello Novaes não compareceu ao festival.

Já a noite de domingo viu a estreia de outro competidor de Gramado. Thriller com tons cômicos, “Papagaios”, do estreante em longas de ficção Douglas Soares, envereda por um curioso universo, o dos papagaios de pirata.

São figuras que fazem de tudo para aparecer na televisão, se esgueirando atrás de repórteres nos noticiários ou frequentando velórios ou enterros de famosos e buscando lugares próximos ao caixão para aparecerem bem na fita.

O filme parte de um relacionamento tipo pai e filho entre um papagaio de pirata da velha guarda, Tunico, vivido por Gero Camilo, que acolhe em sua casa Beto —o ator Ruan Aguiar—, um rapaz que parece estar obcecado para seguir essa “profissão”.

No entanto, já sabemos, por causa da primeira cena, que Beto está envolvido em um acidente num parque de diversões, o qual, por sua vez, atraiu repórteres e papagaios de pirata ao local. Tunico não sabe, mas está cutucando a onça com vara curta.

“Eu tinha muita vontade de fazer um filme com uma linguagem de gênero, principalmente o suspense, que é algo que eu gosto muito. E quanto aos papagaios de pirata, me recordei da infância, da adolescência, passadas no Complexo da Maré. Ali, eu sempre esbarrava com essas figuras que apareciam na televisão e que eram celebridades no bairro”, contou Soares, também autor do roteiro.

“Eu tinha um fascínio muito grande por eles, principalmente pelos que me cercavam, que eram meus vizinhos. As pessoas perguntam se eles ganham dinheiro com isso. Eles ganham, sim, um trocadinho, fazendo inauguração de lojas, fazendo uma presença VIP.”

Segundo Camilo, esse iria ser seu último filme. “E porque eu gostei muito do roteiro”, afirmou. “Já estava de saco cheio do cinema brasileiro, de passar por essas dificuldades, de brigar pelo meu espaço dentro do cinema.”

Camilo, entretanto, mudou de ideia ao conhecer Ruan Aguiar, um jovem galã de novelas que nunca havia estado num filme antes. “No primeiro dia, ele falando muito da paixão do primeiro longa, e eu pensando ‘como é que eu vou dizer a ele que eu estou deixando o cinema?’ E aí o nosso processo de criação foi abrindo meu coração novamente, abrindo espaços para dizer que a luta não acaba”, contou o ator de 54 anos.

“Papagaios” tem uma cena muito legal, que acontece mais ou menos no início do filme. Com sua marcante peruca, Tunico se posta em frente a um espelho, chama Beto e o ensina como aparecer atrás dos ombros dos outros de forma eficaz.

Os dois vão alternado posições, se entreolhando, cada qual se impondo, ao som de “Naquela Mesa” com Nelson Gonçalves, uma canção cuja letra é o relato de amor de um filho para seu pai.

Dura cerca de um minuto, talvez dois, e é grande cinema —uma cena que resume o filme, explica o que é ser papagaio de pirata, revela a natureza de uma relação, que é, enfim, uma dança coreografada entre dois personagens. Ela vale o filme sozinha.



Fonte ==> Uol

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