Liderar pessoas em ambientes complexos é um desafio que ultrapassa fronteiras setoriais. No setor de petróleo e gás, essa realidade ganha contornos ainda mais críticos: escassez de mão de obra qualificada, prazos inadiáveis, operações em locais de difícil acesso e a necessidade de integrar profissionais rapidamente em equipes diversas. São condições que exigem dos líderes um equilíbrio delicado entre disciplina, estratégia e humanidade — e que trazem lições valiosas para empresários brasileiros de qualquer porte.
Em áreas remotas da Amazônia, onde estão localizadas importantes unidades de processamento de gás natural, o desafio da liderança assume proporções únicas. A logística é limitada, o acesso muitas vezes só ocorre por avião e o regime de escala mantém equipes por longos períodos em campo. Em cenários assim, contratar rapidamente profissionais especializados é mais do que preencher vagas: é assegurar que a operação continue funcionando sem interrupções.
A administradora Vivian Mesquita Viana, especialista em Recursos Humanos, explica que o primeiro aprendizado desse ambiente extremo é o planejamento antecipado de pessoas. “Não se pode esperar a necessidade bater à porta para iniciar um processo seletivo. É preciso mapear competências críticas e manter bancos de talentos ativos, prontos para entrar em ação quando a demanda surgir”, destaca.

Outro ponto essencial é a integração acelerada. Em projetos de alta pressão, o tempo até que um novo colaborador atinja plena produtividade precisa ser reduzido ao mínimo. “Criar rotinas de integração claras, oferecer treinamentos rápidos e dar suporte inicial eficiente são práticas que transformam um recém-contratado em parte da equipe em poucos dias, não em meses”, comenta Vivian.
Por fim, a especialista ressalta a importância da liderança humanizada sob pressão. Ambientes de trabalho intensos podem gerar desgaste emocional, e cabe ao gestor manter a motivação sem abrir mão da disciplina. “O segredo é encontrar o ponto de equilíbrio entre metas e cuidado. Quando o colaborador percebe que é ouvido e respeitado, ele entrega mais, mesmo sob condições adversas”, afirma.
Essas lições, vividas diariamente no setor energético, podem ser aplicadas por empresários de pequenas e médias empresas em todo o Brasil. Escassez de mão de obra qualificada, alta rotatividade e necessidade de integrar novos profissionais rapidamente são desafios que também se repetem no comércio, na indústria e nos serviços.
Para Vivian, a principal mensagem é clara: “A liderança estratégica não nasce apenas em grandes corporações. Ela pode e deve ser praticada em qualquer empresa que queira crescer. Planejamento, integração e cuidado com as pessoas são universais. Quanto mais cedo os empresários entenderem isso, mais preparados estarão para enfrentar seus próprios ambientes extremos”.