Plano de Trump para Gaza enterra Estado Palestino, avalia especialista

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Plano de Trump para Gaza enterra Estado Palestino, avalia especialista

Em meio à negociação do plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo brasileiro afirma esperar que tanto Israel quanto o grupo Hamas aceitem a proposta de maneira imediata e permanente e libertem os reféns.   

Em nota publicada neste sábado (4), o palácio do Itamaraty disse acompanhar com atenção as negociações. Segundo o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, a população palestina segue “assolada, decorridos dois anos, por mortes, deslocamentos forçados, fome e destruição de lares e de infraestrutura vital”. 

Neste sábado, Donald Trump pediu que Israel pare imediatamente os bombardeiros em Gaza. No entanto, o Exército israelense informou à população que a região “ainda é considerada uma zona de combate perigosa”. Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Roberto Menezes, o plano de Trump não mudou a realidade dos palestinos.  

“O plano de paz anunciado por Trump enterra de vez os acordos de Oslo de 1993. O principal objetivo era criar o Estado Palestino. No entanto, o que vimos desde então foi o aumento da presença de colônias, incentivadas e financiadas por Israel, para ocupar território palestino. Agora, com esse novo anúncio, o presidente Trump tenta dar um ultimato aos palestinos: ou é pegar ou largar. Passada já as 72 horas dadas por Trump, nada aconteceu. O sofrimento dos palestinos permanece e o genocídio na Faixa de Gaza persiste, aos olhos complacentes do mundo”.                             

O Presidente da FEPAL, Federação Árabe Palestina do Brasil, Ualid Rabah, acredita que o plano pode dar abertura para a unidade palestina, incluindo a proposta de troca de prisioneiros para o cessar-fogo.  

“Persiste a ideia geral do acordo alcançado, de reconciliação de todas as forças palestinas, bem como a construção de um governo de unidade. Eles citam também um plano para a administração de Gaza, futuro, em que a unidade palestina prevalecerá. Portanto, são elementos positivos, especialmente o último. O aceite na troca de prisioneiros é tímida, mas me pareceu que é um sinal para prosseguir as negociações e terminar esse extermínio que vigora em Gaza. Infelizmente, estamos diante dos Estados Unidos inarredáveis no genocídio contra o povo palestino”.

Na avaliação do presidente da FEPAL, apesar dos elementos positivos, a troca de prisioneiros palestinos de Israel, pelos israelenses do Hamas vai manter muitos palestinos ainda em risco.  

“Seria o grupo de, podendo chegar a 1,7 mil, incluindo mulheres e crianças. Mas acontece que isso, nem de longe, se aproxima dos 18,7 mil palestinos sequestrados desde o dia 7 de outubro, dos quais apenas uma pequena fração foi libertada e foram depois aprisionadas novamente e ou mortas com suas famílias. Israel produziu em escala industrial prisioneiros sequestrados palestinos e vai devolver uma pequena parte. A outra parte seguirá refém de Israel para até quando Israel quiser. Uma parte vai contrair doenças e morrer nas masmorras. Ou de fome. Ou de tortura”.     

Na próxima terça-feira, os recentes ataques completam dois anos, desde que o grupo Hamas atacou Israel, causando a morte de 1,2 mil israelenses. Em resposta, Israel realiza, desde então, frequentes ataques à população palestina, na Faixa de Gaza, o que já provocou a morte de 66 mil pessoas que vivem na região.   

O governo brasileiro disse esperar que seja permitida a entrada de ajuda humanitária e que seja iniciada, de forma urgente, a reconstrução do território palestino, em Gaza. Afirmou, ainda, que espera a “retirada completa das forças israelenses de Gaza e a restauração da unidade político-geográfica da Palestina”. Isso porque o Brasil defende que “o único caminho para uma paz justa, estável e duradoura no Oriente Médio passa pela implementação de um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel”.   


Fonte Agência Brasil

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