No Brasil corporativo, um CEO pode passar 20 anos construindo uma carreira impecável…
e perder tudo em 20 minutos — literalmente o tempo de uma entrevista desastrosa.
A reputação empresarial nunca foi tão volátil.
E o mais curioso?
Os líderes continuam acreditando que “a mídia vai me ajudar”, como se a imprensa fosse terapeuta emocional.
Não é.
A mídia não abraça ninguém.
Ela espelha.
E o reflexo nem sempre é bonito.
O lado cruel da reputação empresarial: ela não segue o manual de RH
Existe uma fantasia recorrente no mundo corporativo:
“Se minha empresa é boa, minha reputação será boa.”
É… não.
Reputação não é relatório financeiro, nem discurso motivacional.
Reputação é percepção.
É narrativa.
É o que o OUTRO vê, não o que você acredita sobre si mesmo.
E aí entra um detalhe que os CEOs subestimam:
Quem controla essa percepção? A mídia. E, cada vez mais, o jornalismo de autoridade.
Não o marketing.
Não a assessoria.
Não a autopromoção de LinkedIn com texto coach.
O jogo verdadeiro acontece nas páginas de veículos que entregam credibilidade, não bajulação.
O CEO que se esconde perde. O CEO que fala demais também.
A ironia é deliciosa:
- Se o líder fala pouco, parece fraco, inseguro ou distante.
- Se fala demais, parece desesperado, narcisista ou sem filtro.
No meio disso existe um espaço estreito — quase cirúrgico — onde mora a reputação saudável.
E é aí que o jornalismo de autoridade faz diferença.
Uma entrevista bem conduzida revela:
- capacidade de raciocínio,
- solidez,
- vulnerabilidade na dose certa,
- clareza,
- visão,
- postura,
- e, principalmente, autenticidade.
Reputação se constrói com nuances.
E nuances só aparecem quando o líder é exposto ao contraditório inteligente — não ao palco ensaiado.
Quando CEOs se destroem (normalmente em câmera lenta)
Os grandes colapsos reputacionais não acontecem no dia da crise.
Acontecem muito antes.
Aqui está o roteiro clássico do desastre:
- O líder vive numa bolha confortável.
- Acredita demais na própria narrativa.
- Não aparece em entrevistas sérias.
- Vive de eventos fechados e discursos prontos.
- Subestima a imprensa.
- Não entende como sua imagem está sendo construída publicamente.
- Até que… surge um problema real.
- E só aí ele decide falar — tarde demais.
Quando ele finalmente dá a cara a tapa, a reputação já está comprometida.
A mídia não cria crise.
Ela só ilumina o que já estava escondido.
E quando CEOs se constroem?
Acontece justamente ao contrário:
- O líder escolhe espaços de credibilidade;
- Conversa com veículos que fazem perguntas sérias;
- Expõe visão, estratégia e vulnerabilidades reais;
- Mostra consistência ao longo do tempo;
- Entende que reputação é uma maratona, não um sprint;
- E reconhece que narrativa pública não é “adereço”, é ativo estratégico.
Os CEOs que dão certo não têm medo da imprensa.
Têm respeito.
E sabem usar a narrativa pública como ferramenta legítima de autoridade — não como maquiagem de última hora.
Por que isso importa?
Porque, no Brasil, a confiança virou um recurso raro.
E empresas que não gerenciam a reputação de seus líderes pagam caro, literalmente.
Confiança atrai investidores, talentos, parceiros e mercado.
Desconfiança expulsa.
E o elo entre um extremo e outro é, inevitavelmente, a mídia.
O que CEOs precisam entender agora
Querendo ou não, líderes corporativos estão sempre “em entrevista”.
Mesmo quando não percebem.
O que fazem, o que dizem, o que não dizem, como se posicionam, onde aparecem, com quem falam, tudo isso vira narrativa pública.
E narrativa pública vira reputação.
Por isso o jornalismo sério, especializado e crítico — não o marketing açucarado — se tornou tão necessário.
Porque reputação verdadeira não nasce de elogio.
Nasce de contexto, análise e coerência.
E isso só o jornalismo de autoridade entrega.

Este artigo integra reflexões e achados da minha pesquisa de Mestrado em Jornalismo e Reputação, com foco no impacto do jornalismo de autoridade na credibilidade de líderes empresariais no Brasil. @tucco_oficial


