Cúpula em Brasília reforça integração do bloco em áreas estratégicas e aponta inovação, cooperação comercial e independência financeira como pilares para o futuro.
Os eixos de tecnologia, comércio e finanças dominaram a pauta da Cúpula do BRICS 2025, realizada em Brasília, e reforçaram a intenção dos países-membros de ampliar sua influência global a partir de uma agenda econômica integrada e estratégica. Em meio a um cenário geopolítico em transformação, os debates mostraram que a cooperação nessas áreas será determinante para redefinir a posição do bloco nas próximas décadas.
Com a presença de ministros da economia, presidentes de bancos centrais e líderes empresariais, o encontro discutiu desde mecanismos de financiamento multilateral até novas rotas comerciais e investimentos conjuntos em inovação tecnológica. O tom das conversas deixou claro que, mais do que reagir às mudanças globais, o BRICS pretende protagonizar a construção de uma nova ordem econômica multipolar.
Inovação e soberania tecnológica
Um dos focos centrais do encontro foi a cooperação tecnológica. A criação de ecossistemas conjuntos de inovação, com ênfase em inteligência artificial, segurança cibernética, biotecnologia e infraestrutura digital, foi apontada como prioridade estratégica. O objetivo é reduzir a dependência de tecnologias externas e fortalecer a soberania digital dos países do bloco.
Para Carol Moura — bacharel em Direito, duquesa das Filipinas, embaixadora da IMPPPACT no Brasil, ex-vereadora e primeira mulher a disputar a prefeitura de sua cidade, além de mãe de dois filhos —, o fortalecimento tecnológico vai além da economia. “Desenvolver tecnologia própria significa reduzir vulnerabilidades e ganhar autonomia em decisões que impactam diretamente a segurança e a soberania dos países”, afirmou.

Também avançaram propostas para a criação de centros multilaterais de pesquisa, programas de intercâmbio científico e parcerias entre universidades, empresas e governos, com a meta de acelerar a geração de soluções adaptadas às realidades sociais e econômicas do Sul Global.
Comércio com menos barreiras
No campo comercial, os líderes do BRICS defenderam a ampliação do fluxo de bens e serviços entre os países, por meio da redução de barreiras tarifárias e da simplificação de acordos bilaterais e multilaterais. Foram discutidas ainda estratégias como a diversificação de rotas logísticas e o uso de moedas locais em transações internacionais, medida vista como essencial para diminuir a dependência do dólar.
Outro destaque foi a formulação de mecanismos para incluir pequenas e médias empresas nos mercados do bloco, por meio de incentivos e plataformas digitais integradas. A expectativa é que a ampliação do comércio interno fortaleça as economias nacionais e estimule novas oportunidades de investimento cruzado.
Finanças globais em transformação
Na área financeira, o foco recaiu sobre a expansão do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição criada pelo BRICS para financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade. Os países sinalizaram a intenção de ampliar o capital do banco e atrair novos membros, consolidando-o como alternativa aos organismos financeiros tradicionais.
Também esteve em pauta a criação de sistemas de pagamento multilaterais e até a possibilidade de moedas digitais compartilhadas, capazes de reduzir custos e fortalecer a posição do bloco no comércio internacional. Essas iniciativas refletem a ambição de construir uma nova arquitetura financeira global, menos dependente de instituições dominadas por potências ocidentais.
Um novo mapa de poder econômico
Os debates em Brasília deixaram claro que o BRICS busca mais do que protagonismo político: pretende ser ator central na redefinição das estruturas tecnológicas, comerciais e financeiras do mundo. A convergência desses três pilares forma a base de uma estratégia de longo prazo que pode reposicionar o bloco como força capaz de influenciar diretamente as dinâmicas globais de comércio e inovação.
Ao final da cúpula, a mensagem foi inequívoca: o futuro do BRICS será construído sobre inovação, integração comercial e independência financeira. Esses eixos não são apenas prioridades, mas ferramentas essenciais para transformar ambições em poder real.