
Fashion for Forests é um movimento global que utiliza a moda como ferramenta de conscientização ambiental e apoio ao reflorestamento.
A moda brasileira ganha um novo capítulo de impacto socioambiental com o lançamento do Fashion for Forests, um movimento global que utiliza a moda como ferramenta de conscientização ambiental e regeneração florestal. A iniciativa foi apresentada oficialmente durante o desfile de Amir Slama na São Paulo Fashion Week, marcando não apenas o retorno do estilista à semana de moda, mas também o nascimento de um manifesto que conecta criação, cultura e natureza.
A estreia foi marcada por nomes que abraçaram a causa e levaram a mensagem à passarela. Entre os embaixadores que vestiram a Tree Shirt no SPFW estiveram: Carlos Casagrande, Carol Paiffer, Weena Tikuna, Jakelyne Oliveira Mariano, Pietra Quintela, Marcelo Rocha, Eliziane Berberian, Sophia Martins, Andressa Kucinski, Theo Mendon, Juan Alba, Priscila Caliari, May Slelis e Fernando Augusto Casablancas.
Uma passarela que foi além do estilo — foi uma declaração de propósito.
Historiador de formação e reconhecido por elevar a moda praia brasileira ao status de alta moda, Amir Slama mantém uma relação profunda com a Amazônia, visitando frequentemente a região em busca de inspiração, conexão e aprendizado. O encontro com a ativista indígena Txai Suruí e com a empresária Catarina Bellino deu origem ao Fashion for Forests.
“Juntos, entendemos que a moda é uma plataforma poderosa de comunicação. Ela pode — e deve — ser usada para falar sobre temas urgentes e fundamentais para todos os seres vivos”, afirma Amir, que transformou sua passarela em palco de propósito.
Txai Suruí, uma das mais reconhecidas lideranças indígenas da Amazônia, construiu uma trajetória internacional na defesa da floresta e dos direitos dos povos originários. Presente em fóruns globais como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), Txai traz ao projeto uma visão ancestral aliada à ação contemporânea.
“Eu não aceito viver em um mundo onde vejo os meus sofrendo pela ganância, pelo descaso e pela indiferença. Quero transformar o mundo através dos meus sonhos e dos sonhos coletivos da minha comunidade”, diz.
Para Catarina Bellino, o projeto também representa uma reconexão pessoal com o Brasil após 14 anos vivendo fora. Crescida em um ambiente onde a moda sempre foi entendida como ferramenta de comunicação — seu pai, Ricardo Bellino, trouxe ao país a agência Elite Models e a icônica campanha do câncer de mama nos anos 1990 — Catarina enxerga no Fashion for Forests a união de diferentes mundos.
“Sempre vi a moda como algo muito maior do que estética. Ela tem poder de mobilizar, sensibilizar e transformar. O Fashion for Forests nasce desse entendimento.”
A Tree Shirt
O primeiro produto concreto do movimento é a Tree Shirt — uma camiseta criada para transformar estilo em ação. Parte dos recursos obtidos com as vendas é destinada a projetos de reflorestamento no Território Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, sul da Floresta Amazônica, em parceria com a ONG Kanindé, organização referência em preservação ambiental e fortalecimento dos povos indígenas, junto com os Paiter Suruís que já fizeram programas de reflorestamento como o Pamine Reforestation, que já contribuiu para o plantio de mais de um milhão de árvores na região.
A ideia é que novas edições da Tree Shirt sejam lançadas ao longo dos próximos anos, sempre conectando moda, arte e impacto positivo.
Interessados em participar do movimento podem adquirir a Tree Shirt por meio do site oficial do Fashion for Forests, contribuindo diretamente com os projetos de reflorestamento apoiados pela iniciativa.

Arte, Educação e Futuro
A primeira Tree Shirt traz estampa assinada pela artista plástica e modelo Claudia Liz, que traduz visualmente a essência do projeto.
“Minha inspiração partiu da floresta e de sua importância vital. As árvores são os grandes pulmões do planeta, e cuidar delas é cuidar da nossa própria respiração”, afirma a artista.
Como parte da jornada criativa, o Fashion for Forests também envolveu alunos da Universidade Belas Artes, uma das instituições de design mais prestigiadas do país, que celebra 100 anos em 2025. Sob mentoria de Amir Slama e da professora Valeska, os estudantes participaram de um desafio acadêmico imersivo, pesquisando a Amazônia e sua cultura para desenvolver looks apresentados durante a SPFW.
“A parceria com a Belas Artes mobiliza os futuros criadores do país a pensarem desde já em inovação com propósito”, destaca Catarina.
A apresentação das camisetas também contou com o apoio da TreeTote®️da empresa BioApply, da Suíça ao Brasil, com bags sustentáveis produzidas com fibras de madeira e rastreabilidade total, e da Lions Brasil, parceira oficial de produção.



Q&A – PERGUNTAS E RESPOSTA
TXAI SURUÍ
O que você espera do Fashion for Forest?
Costumo sonhar grande. Para nós indígenas, os sonhos tem uma imensa importância. São nossos guias e quem nos mantém com esperança. Eu sonho com um mundo diferente. Que respeite a natureza e seja justo com os povos indígenas, mulheres, crianças,… com todas as pessoas na verdade. Mas eu cito esses, pois sou corpo-território e carrego comigo toda uma luta ancestral. Como mulher indígena e ativista, eu vivo e luto diariamente contra as sequelas coloniais, desigualdades sociais, o racismo ambiental e o machismo. São dias sem água ou energia elétrica na aldeia. Jovens perdidos para as drogas tendo suas idas levadas. Lutas para manter nosso território e modo de vida. Leis e manobras políticas feitas para vender nossos direitos em troca do “progresso”.
Se você é pessimista e não é persistente, pode até acabar adoecendo do espírito e ficando com depressão. Mas os povos indígenas tem um jeito diferente de valorizar os pequenos detalhes da vida, além da nossa histórica resistência. E quem luta, alcança. Por isso gosto tanto do poema do Sérgio Vaz que fala sobre sonhar com as mãos. Eu não aceito viver em um mundo onde vejo os meus sofrendo pela ganância, o dinheiro, o descaso, a apatia e a indiferença. Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo, dizia Gandhi. E eu quero transformar o mundo através dos meus sonhos e dos sonhos coletivos da minha comunidade.
Eu espero que o Fashion for Forest seja um movimento de transformação e de cuidado com a floresta. As emergências climáticas já trazem efeitos e catástrofes climáticas que acontecem com muito mais frequência e intensidade. Que afeta cada vez mais nossas vidas, principalmente nas aldeias e territórios. Mas que vai afetar a todos. Hoje, essa é uma preocupação real.
Para mudar o final dessa história precisamos de medidas urgentes e efetivas, dos governos, empresas e das pessoas. A moda pra mim fala mais do que roupas, fala sobre personalidade, sobre querer estar belo. Mas também sobre uma das industrias que mais poluem e também quem dita o que é belo. O originário é belo. A natureza é bela. Precisamos que a moda reconheça isso. Para isso precisamos de um reflorestar de mentes, dos corações e da terra.
A minha relação com a moda
Eu sempre gostei e me interessei por moda. Gosto de me sentir bonita. Pra mim mesma. A moda me ajuda a me expressar também, por isso gosto de sempre trazer referencias ou acessorios indígenas. Já mudei de estilo várias vezes, pois acho que também me mudei.
Expectativas com o desfile do Amir
O Amir é maravilhoso e também um sonhador como eu e a Catarina. Tenho certeza que o desfile será um sucesso. Pois quando as pessoas se unem por uma boa causa, é certo que a semente vai brotar.
CATARINA BELLINO
Como surgiu a ideia do Fashion for Forests?
Depois de passar 14 anos fora do Brasil, eu voltei com um desejo genuíno de me reconectar com o meu país, com a sua natureza, cultura e identidade. Após concluir o ensino médio, decidi tirar um ano para acompanhar meu pai que é emprendedor, e mergulhar no mundo dos negócios na prática. Os últimos 3 anos eu fui tendo experiências que foram verdadeiras escolas da vida que abriram os meus olhos para a possibilidade de fazer meu próprio negócio, e algo impactante.
Pelo meu pai ter trazido a agência Elite Models e a famosa campanha do câncer de mama para o Brasil, eu sempre entendi que a moda é muito mais do que estética — ela é uma ferramenta poderosa de comunicação e transformação.
Entao essa ideia nasceu justamente da vontade de unir esses dois mundos: a força da moda com um projeto de impacto
Começamos a sonhar com um movimento que pudesse unir diferentes mundos. E aí surgiu o nome Fashion for Forests: uma proposta que quer falar com quem já faz moda bem feita, mas que agora pode fazer moda com impacto real. Foi quando nos conectamos com o Amir Slama, um dos maiores nomes da moda praia no Brasil, que tem um olhar histórico e sensível nas coleções. E também com a Txai Suruí, ativista indígena que representa a raiz e a luta pela terra. Juntos, começamos a costurar essa ideia de um movimento de reflorestamento com a moda como porta-voz.
Firmamos também parceria com a Belas Artes, envolvendo os futuros criadores do país para que eles pensem desde já em inovação com propósito. Nosso objetivo é criar um movimento tão forte quanto a campanha do câncer de mama foi no passado — mas agora, para o novo câncer: o da terra.
O que você espera do Fashion for Forests?
Eu espero que o Fashion for Forests seja uma virada de chave no jeito que a moda se comunica com o mundo. Que seja uma campanha que mostre que a moda brasileira pode — e deve — ter um papel ativo na transformação ambiental, especialmente com o que temos de mais precioso: a floresta.
Quero que as pessoas enxerguem que não existe separação entre mundos — que a moda, os negócios, os povos originários devem trabalhar juntos. Que todos têm algo a ensinar e algo a aprender. E que esse respeito e essa troca são fundamentais para criarmos pontes reais.
Mais do que um projeto bonito, espero que seja um movimento regenerativo, que inspire outras marcas, estilistas e consumidores a repensarem suas escolhas e seu impacto.
O que é o Fashion for Forests?
O Fashion for Forests é um movimento global que utiliza a moda como ferramenta de conscientização ambiental e apoio a projetos de reflorestamento na Amazônia.

