A agência de imigração dos Estados Unidos (ICE) intensificou o uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial e vigilância digital para localizar imigrantes sem documentação e monitorar ativistas.
Leitores de íris, aplicativos de reconhecimento facial, softwares para acessar smartphones sem autorização dos usuários e sistemas de rastreamento de localização estão entre as ferramentas utilizadas pela agência na cruzada contra a imigração ilegal, segundo reportagem do Washington Post.

Tecnologia também é usada para monitorar críticos
Nas últimas semanas, o ICE firmou contratos milionários para adquirir tecnologias voltadas à identificação e deportação de imigrantes sem documentos. No entanto, a ação da agência vai além, alcançando o monitoramento do que o governo considera grupos extremistas anti-ICE.
No final de setembro, o presidente Donald Trump declarou o movimento “Antifa” como uma organização terrorista doméstica após confrontos violentos em Dallas, exigindo que as agências federais investigassem o grupo.
Temos alguns dos melhores agentes especiais e investigadores criminais. Vamos rastrear o dinheiro. Vamos rastrear os líderes.
Todd M. Lyons, diretor interino do ICE, em entrevista ao podcast de Glenn Beck
Lyons afirmou que o ICE focará em “líderes” e “agitadores profissionais”, mas críticos temem que a agência use isso como pretexto para ampliar a vigilância sobre imigrantes e cidadãos que exercem o direito constitucional de protestar contra o governo.

Tecnologias utilizadas pelo ICE
- Software da Clearview AI de reconhecimento facial para identificar pessoas a partir de fotos e vídeos;
- Aplicativo de escaneamento de íris da BI2 Technologies, capaz de confirmar identidades em campo;
- Tecnologia da Paragon Solutions (Graphite), que permite invadir smartphones e acessar mensagens, fotos e dados de localização, mesmo em aplicativos criptografados;
- Plataforma de rastreamento ImmigrationOS, desenvolvida pela Palantir, para monitorar imigrantes e possíveis “autodeportações”;
- Drones Skydio X10D para filmar manifestações e operações de campo;
- Sistemas de análise de dados da Penlink (Tangles e Weblocs), que integram informações de redes sociais e da dark web, além de rastrear localização de celulares sem mandado judicial;
- Centro de monitoramento de redes sociais para identificar e localizar ativistas.
Segundo o Washington Post, os contratos firmados pelo ICE em setembro somaram US$ 1,4 bilhão — o maior valor mensal em pelo menos 18 anos. Um porta-voz do ICE afirmou que a agência “emprega várias tecnologias para investigar atividades criminosas”, ressaltando o compromisso com a segurança pública.

Uso da tecnologia pode violar direitos civis
Nos últimos anos, o ICE ampliou seu arsenal de vigilância com novas tecnologias de rastreamento biométrico e inteligência artificial, como as soluções de reconhecimento facial da Clearview AI e o escaneamento de íris da BI2 Technologies.
Críticos afirmam que a ordem executiva de Trump para investigar o movimento antifa deu à agência poderes excessivos para vigiar cidadãos sem suspeita de crime.
Organizações de esquerda têm alimentado tumultos violentos, organizado ataques contra policiais, coordenado […] campanhas ilegais de doxing, pontos de entrega de armas e materiais para protestos e muito mais.
Abigail Jackson, porta-voz da Casa Branca, em comunicado
Leia mais:
O senador Ron Wyden, democrata pelo estado do Oregon, alertou que o uso de spyware e drones pode violar direitos civis e ser utilizado para perseguir opositores políticos. O ICE, por outro lado, alega que as ferramentas são essenciais para a segurança nacional e para investigações criminais.
Fonte Olhar Digital