A depressão funcional é um quadro de saúde mental não apenas complexo, mas também perigoso e bem mais comum do que você imagina.
A “depressão funcional” se refere a uma condição em que a pessoa consegue “enfrentar” as suas responsabilidades e atividades diárias (tais como trabalho, estudos e relações sociais) mesmo estando profundamente afetada por sintomas depressivos.
Muito embora ela possa “funcionar” externamente, internamente a pessoa sente um enorme sofrimento emocional, como se lhe fosse imputada a carga de todo um universo sobre os seus ombros.
Daí a pessoa se vê num sentimento de vazio ou de desesperança (como se nada ao redor tivesse significado), além de uma fadiga profunda, um esgotamento, um cansaço físico e mental que faz com que qualquer tarefa simples lhe pareça árdua e extenuante.
Nota-se uma baixíssima autoestima adicionada a uma autocrítica desmesurada, desaguando
em sensação de fracasso e inadequação permanentes.
Isso tudo faz com que a pessoa se veja incapaz (ou ainda desmerecedora) de desfrutar de atividades que antes lhe traziam prazer, o que leva a um consequente isolamento corroborado pela dificuldade de falar sobre os seus próprios sentimentos, ensejando uma culpa (insuportável, injustificável e não menos corrosiva) sem qualquer motivo razoável.
E, ainda assim, a pessoa esconde os sintomas e mantém a “máscara” de uma normalidade utópica.
Observe que na depressão funcional, diferentemente do bornout por exemplo (no qual a pessoa literalmente “trava” tal qual uma máquina que queima por superaquecimento) a pessoa acometida continua a cumprir com suas obrigações e compromissos todos, porém, como já dito, com enorme sofrimento, dificultando que amigos, familiares e colegas de trabalho percebam o problema.
E, como a pessoa continua “se forçando a funcionar”, ela própria se coloca em rota de colisão com o esgotamento extremo, cujas consequências são seríssimas, imprevisíveis e, não raramente, irremediáveis.
Sigmund Freud, quando perguntado sobre o que realmente esperava de seus pacientes, frequentemente respondia: eu espero que os meus pacientes consigam amar e trabalhar razoavelmente.
O ponto mais importante nesse momento é o tal do “razoavelmente”, no qual reside a depressão funcional dos indivíduos.
Saiba que a sua vida é muito maior do que amar e trabalhar sentindo dor, angústia e tristeza extrema.
Se você se vê nesse estado, ou conhece alguém que possa eventualmente estar nesse estado, busque ajuda enquanto há tempo.
Compreenda os sinais, porque a depressão funcional precisa ser levada a sério, sobretudo nos dias de hoje; dias nos quais, por detrás de uma tela, você pode sim fingir ser quem você não é, e possuir o que você não possui e ainda fazer o que você não faz – enquanto, na realidade, você é uma lagoa de absoluto sofrimento.
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