Cuidando da Saúde de seus Colaboradores: vocês conhecem o Desgaste por Empatia? Fiquem atentos.

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Há uma frase atribuída frequentemente a Leon Tostoi da qual eu sempre gostei muito: “se você sente dor você está vivo; já se você sente a dor dos outros, você é humano.”

Não é novidade que em uma sociedade altamente competitiva e que lida com excesso de informações frequentemente, as pessoas venham apresentando um comportamento cada vez mais tais tenso, mais angustiado e, em certo ponto, mais individualista.

E algumas dessas pessoas, pelas áreas de atuação que escolheram, vivem em contato quase exclusivo com situações extremas, que envolvem dor e sofrimento.

A Síndrome do Desgaste por Empatia, também chamada de “fadiga por compaixão,” é uma condição emocional delicadíssima e que afeta principalmente os profissionais que trabalham em contato direto com o sofrimento de outras pessoas.

O desgaste por empatia ocorre por conta da exposição contínua ao estresse emocional dos outros, o que pode levar a um esgotamento físico, mental e emocional que, por seu turno, levam a severas condições psiquiátricas.

Esse fenômeno é particularmente comum em profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, terapeutas de todas as áreas), assistentes sociais, cuidadores, advogados, professores em escolas periféricas com altos níveis de pobreza e de violência, profissionais do setor de segurança pública (tais policiais federais, civis, militares, municipais, membros de corpo de bombeiros), aeronautas, síndicos de condomínios entre tantos outros.

Aliás, compre destacar que, não apenas os profissionais citados, como também afeta de forma incisiva os familiares e amigos de pessoas que estão passando por situações delicadas.

Além disso, há profissionais com empatia naturalmente muito elevada (como traço já marcante em suas personalidades) e que são os mais propensos a absorção do sofrimento alheio.

Quais são os sinais e os sintomas clássicos de um desgaste por empatia?

– Fadiga física e mental, ou seja, aquela terrível sensação de cansaço constante e dificuldades de concentração.

– Redução da empatia, que é quando você se percebe indiferente – quase que entorpecido – diante do sofrimento, até mesmo como um mecanismo de defesa.

– Distanciamento emocional, que é a imensa dificuldade em conectar-se emocionalmente com os outros ou com o seu próprio trabalho.

– Irritabilidade, desânimo, desmotivação, apatia, problemas de saúde física (tais como Insônia, dores musculares, problemas gastrointestinais, já que o sistema imunológico se torna vulnerável).

– Baixa satisfação profissional, que se define como um sentimento de não estar fazendo o suficiente ou de não ser eficaz no seu trabalho.

– Oscilações de humor, ansiedade e, obviamente, depressão.

E as causas e os fatores de risco? Há alguns fatores nítidos que levam ao aumentam substancial do risco de que você adoeça e se veja preso aos tentáculos pesados do desgaste por empatia.

E quais seriam eles?

O primeiro e o mais importante – como eu já disse há pouco – é a exposição prolongada ao sofrimento, ou seja, o contato contínuo, sistemático e ininterrupto com pessoas em situações de sofrimento, dor, trauma ou ainda que estão de luto.

O que mais que eu apontaria como um fator de risco? A ausência de uma rede bem estruturada de apoio emocional ou psicológico devidamente treinada a lidar com os desafios diários (e sabemos todos que, lamentavelmente, no Brasil ainda não existe essa rede de apoio adequadamente estruturada e em grande escala).

E, por derradeiro (mas não menos importante), a ausência do autocuidado – quando o profissional negligencia a si mesmo e deixa de manter rotina de atividade física, de alimentação saudável, de congregação com a família e com amigos que lhe tragam coisas boas e imprescindíveis sensações de pertencimento, suprimindo os (imprescindíveis) tempos de relaxamento, de descanso e lazer.

Mas e como é que nós tratamos isso?

Em empresas às quais eu frequentemente atendo, há algumas estratégias de prevenção a um desgaste por empatia, que se moldam às peculiaridades do setor em que operam, da cultura organizacional interna, do comportamento de cada um dos empregados/colaboradores (que, não raramente, equilibra-se com séria dificuldade) e da relação com o consumidor/destinatário do produto ou serviço oferecido.

Busque imediatamente auxílio terapêutico a você e aos seus subordinados, finalmente estabelecendo os limites claros entre o trabalho e a vida pessoal de vocês todos. Dialogue com setores diferentes. Mobilize-se e incentive a participação constante em grupos de supervisão e aconselhamento, que ajudem a lidar melhor com as situações emocionais diárias que você enfrenta.

Treine a resiliência (gerenciando as próprias emoções) e pratique o desapego saudável; tenha uma “empatia com limites”.

Nenhum de vocês faz a menor ideia da enorme quantidade de profissionais que são acometidos do desgaste pela empatia, e que ficarão ainda mais doentes caso não se tratem, e os dados são ainda muito imprecisos.

Sejam os agentes multiplicadores; passem esse assunto à frente; observem os sinais à volta.

Reconhecer e validar a gravidade do desgaste pela empatia é essencial para que os profissionais possam encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse e o sofrimento alheio. É a empatia que nos mostra a humanidade e o sentimento do amor verdadeiro que nos conecta ao mundo. Mas se você adoece, você perde a capacidade de cuidar da dor do próximo.

Contatos para atendimentos individuais ou coletivos, treinamentos e palestras:

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André R. Costa Oliveira
André R. Costa Oliveira
Andre R. Oliveira é Jurista, Filósofo, Teólogo e Neuropsicanalista Clinico, com atuação - nacional e internacional - em comportamento organizacional e desenvolvimento humano.

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