Nos anos 1970 e 1980, a advocacia era uma das profissões mais recomendadas pelos pais aos filhos, simbolizando prestígio e estabilidade. Naquela época, a figura do advogado de família era central, atuando como um profissional de confiança que acompanhava gerações.
O reconhecimento da importância da profissão foi consolidado na Constituição Federal de 1988, que, no artigo 133, consagrou:“O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”Nos anos 1990, com o avanço da globalização e o início da transformação digital, surgiu a figura do advogado especialista, que passou a competir com grandes bancas e escritórios full service. No início dos anos 2000, esses escritórios cresceram exponencialmente, mas muitos passaram a delegar o atendimento direto aos clientes para estagiários e advogados juniores.
Esse distanciamento fez com que muitos clientes migrassem novamente para escritórios de pequeno e médio porte, buscando um atendimento mais próximo e personalizado.O advogado está mudando, mas em um ritmo mais lento do que a sociedade. Hoje, ferramentas de inteligência artificial e plataformas como o Google são capazes de elaborar petições com qualidade superior à de muitos profissionais, costumo falar que petições são commodities e podem ser contratadas a um valor irrisório.
Além disso, com o advento das redes sociais, a forma de captar clientes se transformou: a visibilidade muitas vezes supera o conhecimento técnico, tornando mais lucrativo ser conhecido do que necessariamente ser o melhor na área. Comprovando que as soft skills conquistaram um papel de destaque, superando, em importância, até mesmo a técnica.Em 2023, a OAB divulgou uma pesquisa sobre o perfil dos advogados no Brasil, e os números evidenciam um cenário preocupante: a maioria dos profissionais está estagnada financeiramente, e poucos obtêm resultados satisfatórios.
Isso ocorre porque as faculdades de Direito formam “advogados operários” e não para serem bem-sucedidos na carreira. Disciplinas fundamentais como negociação, empreendedorismo, networking, marketing jurídico e técnicas de vendas simplesmente não fazem parte da grade curricular.O resultado? Apenas 1% dos quase 1,5 milhão de advogados inscritos na OAB, empreendem e possuem seus próprios escritórios. Os outros 99% são funcionários ou atuam como autônomos, enfrentando dificuldades para se destacar e se sustentar neste mercado tão competitivo.
O modelo tradicional de advocacia, baseado exclusivamente na resolução de litígios, está cedendo espaço para uma abordagem mais ampla e integrada: a do advogado estratégico. Essa nova forma de atuação redefine o papel do advogado, que passa a ser um verdadeiro gestor do processo jurídico, analisando variáveis externas, construindo estratégias personalizadas, relacionamentos intencionais e gerando mais valor para seus clientes.
O advogado estratégico rompe com antigos paradigmas, uma vez que não precisa de experiência, pós graduação ou investimentos para inciar e criar um ecossistema de parcerias de advogados rentável, mais profissional e inteligente. Através desse um ecossistema ele deixa de ser um advogado local, com limitação de ganhos e passa a ser um empreendedor com atendimentos em escala, é isso que a internet nos proporciona.O mercado não busca apenas conhecimento técnico, mas sim segurança, eficiência e soluções sob medida. O cliente não sabe escolher o advogado, mas é obrigação do advogado saber quem pode resolver o problema do cliente: Mais estratégia, menos amadorismo para toda a cadeia jurídica.
Estamos vivendo um momento de ruptura e evolução. Temos uma oportunidade única de redefinir o papel do advogado no Brasil. A flexibilidade para atuar de qualquer lugar, aliada à profissionalização e excelência dos serviços entregues ao cliente, já é uma realidade. A figura do advogado estratégico representa mais do que uma simples resposta às novas demandas do mercado. Trata-se de uma revolução silenciosa, que valoriza a profissão, amplia as possibilidades de atuação e melhora a experiência do cliente.
Essa transformação não é uma escolha, mas uma necessidade para a sobrevivência e o sucesso em um setor cada vez mais dinâmico e exigente.